segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não posso mais dormir


Essa vida imensa que existe aqui por dentro.
Em arte pequena se exteriora.
Porque eu nunca fui mesmo muito cheia de detalhes.
E meu olhar também sempre foi um pouco falho.
Eu sempre vivi tudo internamente.

Quando criança eu já fui grande artista.
Inventora, sonhadora, dançarina...
Mas chegou um tempo, eu adormeci bem lá dentro.

Esqueci.

Outra coisa, é que eu também sou otimista demais.
Um dos meus primeiros poemas (lembra Othon?)
esse amigo comentou:
"puxa, eu nunca consegui fazer um poema bonito e alegre"
Difícil mergulhar na dor.

Engraçado, que não é que a minha dor não seja intensa.
Mas fica bem interna, guardada e protegida do mundo.
Porque é muito séria e só minha.

E também, o mau julgamento alheio sempre me afetou muito.
E o motivo disso foi porque eu cresci mal acostumada,
pois o mundo sempre foi extremamente bom comigo.
Eu deveria ser mais uma enganada.

Porquê me desvirtuei em vírus?

Talvez porque eu sempre fui aérea demais.
Como se eu flutuasse vendo minha vida-filme lá do alto.
Vivendo, mas apenas por acaso.
E quando se sabe desse por acaso, parece que entende.
Eu sempre soube que se pode falar de uma formiga apenas, em muitas, muitas páginas.
Mais de 40...(não é?)

Eu me recuso agora a viver com os sentidos tampados.
Viver essa felicidade fingida.
Eu quero a felicidade clandestina.
Porque nesse mundo, é um crime ser feliz,
é ignorar.
E nem dormir eu quero mais.

Eu não quero mais essa infância alegre.
Foi bom, obrigada, mundo.
Uma viagem.
Aterrissei.
Agora eu vivo aqui.

Olha, eu vejo tudo como uma contradição louca.
E meu pensamento mesmo, é muito confuso.
E também sei que sou limitada demais.

Eu sigo desbravando.

(Dedicado a meu amigo pueril e ao Piriquito.)

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